O Zé explica aritmética à Zita
“(…) Era como se uma empresa com 100 trabalhadores, despede 90, admite 10, e o Senhor Primeiro-ministro diz muito contente: — Criei 10 postos de trabalho. Isto é tentar enganar os portugueses (…).”
Zita Seabra, comentando para a SIC a entrevista de Sócrates na segunda-feira
O Zé, esse mesmo, ficou conhecido por ser íntimo de Durão Barroso, e, por isso, ganhou uma certa afeição por Zita Seabra, uma indefectível apoiante de todos os líderes do PSD. Quando a viu a fazer aquela triste figura na televisão, o Zé enviou-lhe lá da aldeia uma carta para a ajudar a aplicar as operações básicas:
“Companheira Zita,
Vi-a na TV e folgo em saber que parece cada vez mais jovem. A fuga do cativeiro, como a daquela moça da Áustria e a da outra do Brasil, fez-lhe bem. Pareceu-me no entanto algo angustiada com a minha situação e a dos outros Zés. Agradeço-lhe que aí em Lisboa zele por nós, mas, embora a situação seja de facto difícil, não é caso para estar tão angustiada.
Faça comigo as contas, Companheira Zita, e verá que há uns sinais de que a situação pode estar a melhorar. Olhe lá para isto devagarinho:
Aqui a nossa aldeia tinha, em 2006, 100 pessoas em condições de trabalhar (acho que vocês aí lhes chamam activos). Desses, cinco (5) estavam desempregados.
Façamos a primeira conta: a taxa de desemprego é de cinco por cento (5%). Companheira Zita, chega lá através de duas operações básicas: divide 5 por 100 e, depois, multiplica o resultado por 100. Está a acompanhar o raciocínio?
No ano seguinte (2007, o saudoso ano do referendo), não morreu ninguém cá na terra, felizmente. Mas houve várias circunstâncias que contribuíram para alterar o número de pessoas dispostas a trabalhar:
• Houve 10 jovens que acabaram o 12.º ano e começaram a procurar emprego;
• Fechou uma empresa (que resolveu mudar-se para a Roménia, sem que a Companheira Zita tivesse procurado fechar as fronteiras para a impedir de zarpar), atirando para o desemprego seis (6) pessoas, que, por acaso, são família chegada cá do Zé;
• Nem tudo é mau, porque outras 14 pessoas cá da terra conseguiram emprego numa fábrica que foi inaugurada em 2007.
Está preparada, Companheira Zita, para fazer mais umas contas? Vamos a isso, então, passo a passo:
Se se recorda, havia 5 desempregados em 2006. A estes, há que juntar os 10 jovens que concluíram os estudos e estão à procura de emprego, bem como as 6 pessoas que trabalhavam na empresa que foi “deslocalizada”. A fazer fé no Prof. Ambrósio, que me ensinou as quatro operações básicas, teremos 7 pessoas desempregadas.
Já estou a ver a Companheira Zita a empertigar-se e, esticando o dedo, questionar: — Como assim, ó Zé?
Ai Companheira Zita, e então os 14 trabalhadores, que, entretanto, arranjaram emprego na fábrica que abriu, não são gente? Veja lá a conta: 5+10+6-14 = 7.
É claro que a taxa de desemprego aumentou para 6,4 por cento [Companheira Zita, já sabe: divide 7 por 110 e, depois, multiplica o resultado por 100].
Mas a verdade é que foram criados 8 postos de trabalho, porque inicialmente estavam empregadas 95 pessoas (100-5) e agora têm trabalho 103 pessoas (110-7).
Ou seja, foram criados 8 postos de trabalho em termos líquidos (perderam-se 6, mas ganharam-se 14). É este o fenómeno de que dá conta o INE. Não há contradição entre aumento de taxa de desemprego e aumento do emprego líquido.
Companheira Zita, quando tiver dúvidas, se não quiser esclarecer-se com os companheiros Menezes, Santana ou Ribau, não hesite em emailar cá para o Zé. Agora já cá temos a banda larga, como sabe.
Ao seu dispor,
O Zé”
Retirado do BLOG CÃMARA CORPORATIVA
1 comentário:
Fechou um empresa que atirou para o desemprego 6 trabalhadores e abriu outra que empregou 14 (mais do dobro). Só mesmo na terra do Zé... Onde fica, para Portugal se mudar para lá?
Quem é a Zita Seabra?
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