terça-feira, setembro 02, 2008

O EXTRAORDINÁRIO JOÃO CARLOS ESPADA

Porque já ninguem tem paciência para o ler e porque ninguém compra a sua revista , que o Publico tenta impingir aos seus leitores,aqui transcrevo o artigo de opinião do Espada ou melhor do Sr. Professor DOUTOR João Carlos Espada, conselheiro da Presidência da República, professor e guru de personagens famosos como João Pereira Coutinho, José Manuel Fernandes e outros comentadores cons e neo-cons da nossa praça

TEMA DE VERÃO

Um dos mais difíceis temas de Verão é o da influência da temperatura no código de vestuário. O assunto terá perdido alguma premência com a nova moda masculina de prescindir da gravata - uma tendência entusiasticamente promovida pelo actual Presidente do Irão, cujo nome me escapa. Mas a gravidade do tema está ainda presente nalguns sectores.

É o caso do Oxford & Cambridge Club, em Londres. Todos os anos, a "newsletter" de Julho inclui uma nota sobre o calor e o traje. Recorda ela, basicamente, que as altas temperaturas não anulam o "dress code" do Clube, embora algumas atenuantes sejam concedidas. Estas incluem a não obrigatoriedade de gravata até às 11h da manhã, aos dias de semana, e até às 18h, nos fins-de-semana. Mas o casaco continua a ser obrigatório a todas as horas, a menos que um dístico à entrada, nos dias mais quentes, assim o anuncie.

A nota prossegue recordando que, nestas excepcionais ocasiões, os cavalheiros sem casaco devem usar camisas de manga comprida abotoadas no punho. E adverte, em tom decidido, que "T-shirts e outras camisas sem colarinho, mesmo quando usadas com casaco, nunca são permitidas no Clube".

Tendo lido esta nota numa manhã de lazer, decidi promover um inquérito sobre o tema. No balcão do bar, interroguei o velho empregado, um imigrante grego há décadas instalado nesta área do Clube. O bom homem pareceu surpreendido com a minha pergunta sobre a razão de ser do "dress code". O assunto parecia-lhe óbvio: "Este é um "gentlemen's club", sir".

Resolvi insistir com a dúvida cartesiana: "por que razão devem os "gentlemen's clubs" dar tanta importância ao código de vestuário?". A resposta foi pronta, após ligeira hesitação: "Porque, caso contrário, deixariam de ser "gentlemen's clubs"".

Interroguei em seguida a jovem beldade que se encontrava na recepção do clube, logo à entrada de 71 Pall Mall. Chegara há uns meses da Bulgária, e gostava imenso de Londres, assim como de trabalhar no clube. Código de vestuário? É claro, disse-me ela, trata-se de um "gentlemen's club". E eu concluí, já instruído pelo grego do bar: se não tivesse código de vestuário, deixaria de ser um "gentlemen's club"? Ela envolveu-me num amplo sorriso: "Esse é exactamente o ponto, sir. É como dar gorjeta: não se pode dar gorjeta aos empregados, nem estes podem aceitá-la, num "gentlemen's club"".

Finalmente, com um novo sorriso envolvente, rematou: "Eu realmente adoro este vosso clube. Devíamos ter clubes destes, na Bulgária. Mesmo assim, eu preferiria Londres".

João Carlos Espada


Lili Caneças e Paula Bobone não teriam feito melhor!

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