quinta-feira, setembro 25, 2008

O JUMENTO

José Pacheco Pereira

O post que Pacheco Pereira colocou hoje no Abrupto mostra bem a desorientação do ideólogo do PSD, que se esqueceu de que quem quer governar deve apresentar proposta. Ao contrário disso, JPP prefere viver em função de Sócrates ficando cheio de raiva por tudo e por nada. Vejamos o que escreveu:

«Mais uma escandalosa sessão de propaganda, com um longo tempo de antena do Primeiro-ministro, está em curso no noticiário das 13 horas da RTP a pretexto do "Magalhães" ("o primeiro portátil inteiramente português é produzido em Matosinhos" mente o oráculo). A RTP perdeu toda a vergonha e a ERC, que fecha os olhos a esta completa ausência de jornalismo substituído por favores políticos, também.

ANEXO: Mas o Telejornal da RTP das 13 horas (o mais servil ao governo) acrescentou mais duas peças de pura propaganda: uma, sobre uma visita de responsáveis do Instituto de Emprego às operárias despedidas da Yasaki Saltano, convenientemente acompanhada pela RTP, em que se fala de como a formação lhes dará "futuro" sem efectivamente lhes dar nada (como aliás uma operária disse); outra, com o Ministro Manuel Pinho sobre mais uma coisa "única do mundo" que se faz em Portugal (dizia o oráculo): o aproveitamento da energia das ondas. De novo, a comparação com a reportagem da SIC sobre o mesmo tema, mostra a enorme diferença com a RTP, que repete como sendo da redacção e dos jornalistas todos os temas convenientes à propaganda governamental. A SIC mostrou o cemitério de algumas experiências anteriores de aproveitamento da energia das ondas em Portugal e concentrou-se em explicar o processo, a RTP em dar voz ao Ministro e às hipérboles da propaganda "tecnológica" governamental.

Neste momento o descaramento destes noticiários da RTP é tal, que justificava medidas quer da oposição, quer do Presidente (de forma discreta aliás) , já que aqui a regulação não nos defende. Aliás, o PS não se queixa de falta de regulação. Se a RTP tiver coragem e os jornalistas que fazem estes noticiários também, desafio-os para um debate público (porque não na RTP?), com a passagem das peças antes, para todos poderem ver. Venham cá explicar-nos onde está o jornalismo, a "edição", a distanciação, o afastamento do discurso do poder nestes noticiários. Venham.»

A primeira conclusão que tiramos é que Pacheco Pereira acha que a RTP não deve acompanhar as iniciativas do Governo, na melhor das hipóteses a independência da RTP apenas poderia permitir a colocação de texto de rodapé. Para isso ridiculariza o Magalhães dizendo que não é português e desvaloriza o aproveitamento da energia das ondas, são matérias que não deveriam merecer ser notícia.

A acusão de que o Magalhães não é português é ridícula, este computador é tão português como os Nókia são finlandeses ou os BM alemães, em limite uma boa parte das peças são produzidas em vários países, no caso dos Nókia devem ter menos incoporação nacional do que os Magalhães. Nõ sei se o aproveitamento das ondas é único no mundo, sei que já existiram iniciativas experimentais, mas não estou certo de que haja aproveitamento económico. De qualquer das formas, basta Portugal ser um país com uma elevada dependência energética para que a iniciativa tivesse grande destaque.

É evidente que Pacheco Pereira prefere a notícia da SIC que mostra como há um cemitério de projectos de aproveitamento energético ds onda. Pois, a SIC, onde ele tem tempo de antena pessoal e que pertence ao militante número um do PSD, é que é um belo exemplo de independência jornalística.

Então o que deveria noticiar a RTP? Devia noticiar diariamente o silêncio de Menuela Ferreira Leite.

Pacheco Pereira que teorizou o silêncio da líder do PSD, de quem é o guru, tenta agora que o governo se sujeite à mesma regra. A verdade é que a estratégia em que envolveu Manuela Ferreira Leite está a revelar-se um desastre para o PSD, as sondagens começam a dar sinal disso e Pacheco Pereira está a ficar desesperado, apostou tudo em Manuela Ferreira Leite, até inverteu um símbolo do PSD (tal como se fez ao brasão de Castelo Rodrigo por ter apoiado os invasores espanhóis) e arrisca-se a ser derrotado com a sua pupila.

Pacheco Pereira não está preocupado com os votos que eventuais propostas do PSD poderiam conseguir, está incomodado com os votos que Sócrates pode conquistar com as suas iniciativas. É assim que pensam os que apostam na desgraça alheia para conquistarem vitórias eleitorais.

O que terá JPP a dizer da notícia do Público, um jornal onde escreve que segundo ele próprio disse faz oposição a Sócrates?





Do blog O JUMENTO

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