1. O Governo não pode, evidentemente, ceder às exigências dos militares, a partir do momento em que Loureiro dos Santos e Vasco Lourenço verbalizam o risco de golpes de Estado, tiroteio para o ar, pronunciamentos e outros disparates, palavra esta que uso retirando-a da boca do general Loureiro dos Santos para que se não engasgue. Mostra a sabedoria das nações que quando se começa a ceder às ameaças da tropa é cada vez mais difícil parar.
2. O Governo deve saber ler os sinais dos tempos. Tropas ociosas são em regra mais propícias a disparates do que tropas ocupadas. Também isto nos revela a sabedoria das nações. Admito a minha ignorância, mas não consigo vislumbrar muitos motivos de actividade para tanta tropa em Portugal. Mas, seja como for, talvez não fosse disparate que o Governo encontrasse algumas ocupações, entre as quais não me parece que fosse uma desonra mobilizá-los para assegurar a ordem pública em bairros problemáticos.
3. Tropa ociosa e em excesso é sempre um risco e um custo para o erário público. Não percebo a razão de tanto quartel, tanto carro de funções, tanta burocracia armada. Acho que o Governo deveria fazer aplicar com rapidez um programa em que seja fechada a generalidade dos quartéis, e se mandem para casa, com ordenado garantido, parte significativa dos militares, permitindo-lhes que possam aplicar as suas qualidades na vida civil e com isso contribuindo para aumentar a riqueza nacional.
4. O Governo e a Assembleia da República devem, além disso e com prazo certo, concretizar uma reforma profunda da instituição militar. Admito que não cheguem até onde eu sugiro, mas sem dúvida que se pode reduzir drasticamente os quadros do Exército e da Força Aérea, fechar hospitais militares (ou integrá-los no sistema nacional de saúde), acabar com os estados-maiores das armas, diminuindo assim os custos do sistema.
No Público!
DE ACORDO!
1 comentário:
Subscrevo totalmente.
Há tanta coisa para fazer.
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