terça-feira, novembro 11, 2008

UMA DIRECTIVA PARA O MÁRIO NOGUEIRA!

A esquerda em Portugal, no terreno partidário, são o Partido Comunista e os seus aliados.

Recordo a realidade da opção permanente dos partidos da burguesia portuguesa (o CDS é o herdeiro anacrónico do saudosismo fascista) para lembrar que qualquer mudança na composição do Parlamento não alterará no fundamental o comportamento do PS e do PSD como representantes do grande capital. A convicção de que, através das urnas, pode surgir um governo do PS que, sob a pressão das massas, desenvolva uma política que responda mesmo minimamente aos interesses do povo português é utópica. Utópica é também a ideia de que se pode esperar uma actuação positiva do Bloco de Esquerda, amálgama de pequenos burgueses enraivecidos cada vez mais integrado no sistema.

Condensar numa série de pontos exigências da esmagadora maioria dos portugueses, imprescindíveis a uma desejável mudança de rumo que trave a marcha para o abismo é uma contribuição necessária para dissipar a confusão criada pelo bombardeamento da mentira oficial e como factor de mobilização das massas para a luta. Mas sem incentivar esperanças de alterações de fundo no tipo de politica e governo impostos pelo capital.

No actual contexto a presença de uma forte representação do PCP no Parlamento é importante. Quanto mais numerosa ela for, maior ressonância terá a nível nacional a voz dos comunistas e a difusão do seu projecto revolucionário e humanista. Mas existe uma relação complexa entre a intervenção a nível parlamentar dos comunistas e a capacidade mobilizadora do Partido e o seu trabalho junto dos sectores sociais mais combativos da população. O discurso para ser eficaz, para inspirar não apenas confiança mas funcionar como impulsionador de uma disponibilidade permanente para lutas prolongadas terá de ser dirigido sempre «de fora» do sistema e frontalmente contra ele, sem a menor concessão, e nunca de «dentro», numa postura crítica que possa ser interpretada como tendo por objectivo a sua humanização.

Miguel Urbano Rodrigues- Ideólogo do PCP

1 comentário:

Ana disse...

A presença da representação do PCP no parlamento deve ser unicamente aquela que o povo português achar por bem, de acordo com os seus interesses.