O ALVARINHO
'Mas
não se imagina que o "independente" escolhe ao acaso, como um pássaro
tonto, os meios por onde circula e as relações que laboriosamente
angaria. Sabe perfeitamente para onde sopra o vento: onde poisa o PS e
onde poisa o PSD. Quem tende a "subir" e quem tende a "descer" e,
portanto, para usar o termo pornográfico corrente, em quem deve
"apostar". Depois de uma eleição ou de uma remodelação, muitas vezes até
ganha. Serve para tapar um "buraco", para afastar um apoiante incómodo,
para resolver com mansidão e "neutralidade" uma querela entre dois
"caciques". A televisão e os jornais declaram o "independente" uma "cara
fresca" e ele entra esfusiante pelo Estado dentro na completa
ignorância do que sejam a administração e a sociedade portuguesa. Para
naturalmente fugir dali a uns meses como um sendeiro triste, à procura
de um novo dono.'
Vasco Pulido Valente, no Público, sobre O "independente"
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