Pelo rumo que as coisas estão a tomar, o que está o PS à espera
para se deixar de paninhos quentes em relação a Passos Coelho? (Ai este
erro da escolha do Seguro vai-lhes sair caro). O homem, como político, é
e sempre foi um aldrabão. Desde as técnicas de desgaste aplicadas na
discussão do orçamento para 2011 e a cena do pedido de desculpas aos
portugueses pela excessiva austeridade, passando pela reunião com
Sócrates que declarou convictamente não ter existido até ser
desmascarado sem que nem um traço se alterasse na sua expressão facial,
pela campanha eleitoral despudoradamente enganadora, pela invenção de um
desvio colossal a todos os títulos negado pelo INE, pela proteção e
cobertura fraudulentas dadas a Alberto João até à sua eleição em
Outubro, até à quantidade exata de nomeações partidárias e às respetivas
justificações inverosímeis, o homem é uma fraude. Um barítono sinistro.
Compreende-se muito mal que haja gente com responsabilidades fora dos
partidos do governo que ainda lhe dê crédito. Alguns exemplos
lamentáveis:
- Mário Soares continua a dizer que o acha um cidadão com qualidades e
bem intencionado. (Dada a diferença de idades, tipo um rapazinho
asseado)
- Pedro Guerreiro, ontem na SICN, excluía a possibilidade de o homem ser
sonso, considerando-o apenas um ingénuo. Eu, que acho que Pedro
Guerreiro não é sonso, admiro-me que seja ingénuo.
- O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, José Junqueiro, vem
hoje afirmar (a propósito do número de nomeações partidárias) que “o
primeiro-ministro está mal informado” (mal informado? O sócio de
Relvas?). Que brandura! Mais um que aderiu à oposição “elegante” de
Seguro.
- Zorrinho, que sempre vi como pessoa cheia de iniciativa, desde que se
encostou a Seguro, parece um menino de sacristia. Os seus pruridos em
fazer escarcéu perante os piores atropelos deste governo só para não
amedrontar sabe-se lá quem são penosos.
Em surpreendente contraste, ainda ontem, Lobo Xavier, um seu acérrimo
apoiante, mostrou-se o mais furioso dos três esgrimistas da Quadratura a
propósito das nomeações para a EDP e a AdP.
É triste, toda a gente o diz, a democracia exige, é preciso oposição,
mas assim o PS não vai a lado nenhum. Assistir impavidamente em nome do
respeito pela alternância democrática à saída da toca de toda a rataria
salazarenta, que já nem se ensaia para proferir as maiores
barbaridades, e nada dizer (salvo honrosas exceções, mas a título
pessoal – Assis, Silva Pereira, João Galamba, Isabel Moreira, Pedro Nuno
e alguns mais, e felizmente a blogosfera de esquerda) com medo de uma
troika que já não tem nada a ver com o que se está a passar não é
postura que se aceite do maior partido da oposição. Sabemos que governar
na atual conjuntura não é fácil, mas ninguém disse que a política era
fácil. Há que ter coragem. Seguro não tem, não quer ter e deve ser
corrido. Portugal está a regredir e este primeiro-ministro é apenas a
voz que distrai, ou encanta, enquanto a vampiragem toma conta da cidade.
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