segunda-feira, janeiro 16, 2012

PRzinho!

Porque falou o Presidente?


Presidente no teleponto
Nada como os segundos mandatos para soltar a língua aos Presidentes. Palavras fortes do Presidente, lidas no teleponto de olhos parados no texto (sem a mestria a que outros nos habituaram). “Explosiva” e “intolerável” foram as palavras mais acutilantes (a situação deve estar mesmo má para o Presidente dizer isto do “seu” governo). 
O PSD apressou-se a concordar com o Presidente e desarmou os jornalistas que assim ficaram sem o tema da guerrilha institucional. O PS ficou sem espaço porque o Presidente lho tomou e a restante esquerda disse o mesmo do costume, isto é, está contra.
A mensagem de Ano Novo do Presidente e o comunicado  sobre a transferência para o Estado dos fundos de pensões dos bancários são dois pseudo-eventos que não existem senão nos média, pelos média e para os média. São palavras ditas para serem vistas, ouvidas e lidas, depois repetidas e comentadas à exaustão, numa paranóia analítica infindável que vai durar no mínimo toda a semana até percorrer todos os colunistas e comentadores nos jornais, rádios e televisões. Como a mensagem foi dita ao Domingo deverá ainda ser comentada e analisada pelos comentadores dos restantes dias da semana, culminando talvez no próximo Domingo com a sentença do inefável professor Marcelo, na TVI.
O Presidente fala, fala, diriam os Gato Fedorento, mas deixou passar o orçamento (o tal que era iníquo), porque os presidentes não têm que concordar com tudo o que promulgam. Esta doutrina, não sei se criada por Soares, acho que sim, serve a todos os presidentes mas é sempre uma chatice para o povo, seja o Presidente de esquerda e o governo de direita ou vice versa.
Estamos, pois, entregues à bicharada, cada um que se governe, como faz o “Grande Empresário” Soares dos Santos que tão mal dizia do Governo anterior. 
É verdade que a democracia é o menos mau de de todos os regimes. Tem algumas perversidades, como por exemplo: o Presidente não falou assim antes porque precisava dos votos daqueles contra quem agora fala. Quanto ao governo, não quer negociar com a troika o alargamento do prazo para pagamento da dívida porque o prazo actual  favorece o calendário eleitoral, isto é, afrouxa a austeridade perto do fim do mandato e apresenta-se a eleições dando alguma coisinha ao povo.  Pouco importa ao “calendário” que por sua causa o povo esteja a sofrer demais. Já o governo anterior aumentara os funcionários públicos num momento favorável ao calendário eleitoral, enfim, não há volta a dar. Passos prometeu não tirar e tirou, não aumentar e aumentou e nada deu em troca a quem acreditou nele. Ganhou as eleições uma vez porque enganou quase todos e ninguém o conhecia…. (a falta de currículo foi-lhe favorável).
Mas se a democracia é  conquistar o poder através do voto dos cidadãos, como podemos condenar aqueles que nos pedem o voto para chegarem ao poder? E como obterão o  voto se não derem/prometerem  alguma coisa? E como saberemos se são bons a governarem  se não lhes dermos o voto para governarem? Dilemas terríveis! 
Mas porque falou então o Presidente se nada faz para nos salvar?
Falou porque já não tem calendário eleitoral e porque era dia de falar!

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