Caro Soares dos Santos
• Pedro Nuno Santos, Caro Soares dos
Santos:
‘Caro Alexandre Soares dos
Santos, sou cidadão português e deputado na Assembleia da República. Sou,
portanto, um dos destinatários dos inúmeros conselhos que tanto gosta de dar
aos políticos, aos jovens e aos portugueses em geral. Mas eu também tenho algumas
coisas para lhe dizer. O senhor é um dos poucos vencedores do euro e das taxas
de juro baixas – com uma moeda mais forte que o escudo conseguiu passar a
importar mais barato, e com taxas de juro historicamente baixas, conseguiu o
crédito necessário para, em poucos anos, alargar a todo o país a sua rede de
distribuição e investir no estrangeiro. Pelo caminho, contribuiu negativamente
para o saldo da nossa balança comercial, “aniquilou” o comércio tradicional e
esmagou as margens de lucro dos pequenos produtores agrícolas. Como se isto não
fosse suficiente, ainda teve o descaramento de, em plena crise, transferir a
domiciliação fiscal do seu grupo económico para outro país. E assim,
ironicamente, enquanto o povo português faz das tripas coração para pagar esta
crise, o senhor (ao que parece, um dos homens mais ricos do mundo) deixa de
pagar em Portugal os impostos que eram devidos pelo lucro obtido cá, para pagar
menos na Holanda. Encontrou ainda, apesar de a economia portuguesa estar em
recessão, uma oportunidade de negócio em mais um sector protegido da
concorrência internacional – depois de o sector da distribuição, o sector da
saúde – montando uma rede de clínicas médicas low cost. À luz deste
investimento, compreendem--se melhor as críticas que faz à “subsidiodependência”,
ou quando afirma que “andamos sempre a mamar na teta do Estado” – quanto menos
o Estado investir no Serviço Nacional de Saúde, maior será o número dos seus
clientes, correcto? Caro Alexandre Soares dos Santos, permita-me a ousadia de lhe
dar um conselho: use parte da fortuna que amealhou neste país para investir na
indústria. (…)’
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