sexta-feira, março 21, 2014

O SOL NA MENTE DE UM PATETA!


O bolo é escasso, mas chega se for para os meus patrões

Multiplicam-se os programas para pôr o país nos eixos. Depois de «O Meu Programa de Governo» de José Gomes Ferreira, que não atraiu sobre si a atenção que merecia, o pequeno grande arquitecto expõe hoje aquilo a que, com a modéstia que o caracteriza, chama «o ‘caderno de encargos’ que temos pela frente» que «é de uma exigência extrema».

É «a questão do 'pós-troika'» que inquieta o pequeno grande arquitecto. Mas ele não se deixa levar por «cantos da sereia» (expressão que devemos, nesta precisa formulação, ao Dr. Relvas): «O 'Manifesto dos 70' também a reflecte [sic], mas perde a razão ao defender a reestruturação da dívida».

Por isso, o pequeno grande arquitecto corta a direito: «Arrisco-me a dizer que o mais difícil vai começar agora.» Não se detendo em minudências como o crescimento, o desemprego ou o Estado social, quatro pontos chegam e sobram ao pequeno grande arquitecto para mostrar o caminho para a salvação do país:
    «A. Cortar brutalmente na despesa pública», uma fórmula requintada para enunciar o desmantelamento do SNS e da escola pública ou o abandono à sua sorte dos reformados, desempregados e pobres;
    «B. Ter um saldo na despesa», uma ideia generosa (tanto quanto se percebe), muito embora ela não tenha sido ainda assimilada pelos manuais de contabilidade;
    «C. Nunca dizer que a dívida é insustentável, mas ir conseguindo silenciosamente que as condições de pagamento se vão suavizando», um convite furtivo à posse de armas com silenciador, a utilizar sem a presença de testemunhas, o que sugere haver moleirinhas infestadas de ideias perigosas;
    «D. Manter a estabilidade política», talvez o ponto nuclear do «caderno de encargos’», que remete para a badalada questão da suspensão da democracia.

O «caderno de encargos’» do pequeno grande arquitecto diz-nos que cada um trate de si: o bolo é escasso, mas chega se for para os seus patrões pagarem o ordenado dele. Denuncia que sabe ainda menos de economia do que arquitectura, mas é o que a direita tem para apresentar.

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