• Manuel Pinho, Uma questão de aritmética [ontem no Expresso/Economia]:
<![if !vml]>

O pior é inventar falsos álibis. Por exemplo, é mentira que o PIB tenha recuado para o nível de 2000 por os portugueses serem preguiçosos ou por o Estado ter uma presença excessiva na economia. O quadro abaixo mostra que os trabalhadores portugueses trabalham, em média, 20% mais horas/ano do que alemães, holandeses e franceses. O peso da despesa pública no PIB é igual à média da EU, por exemplo, semelhante ao da Holanda e da Áustria, mas muito inferior ao da Bélgica, Finlândia e França. Só faltava a OCDE vir dizer, no Relatório sobre Reformas Económicas — 2014, que de acordo com o indicador PRM (product market regulation) Portugal está no top 10 mundial dos países em que há menos barreiras à concorrência, estando mais bem colocado do que, por exemplo, o Canadá, Luxemburgo, Espanha, França e Suécia. As causas de quase 15 anos de estagnação são outras.
<![if !vml]>

<![if !vml]>

Há duas questões a considerar: como estamos e para onde vamos em termos de stock de capital por trabalhador?
Como estamos? Muito mal. De acordo com as estimativas de Paul De Grauwe (ver quadro),Portugal tem o stock de capital por trabalhador mais baixo entre os países da zona euro, quase 1/3 do da Alemanha e da Holanda. A causa desta situação desoladora é as empresas e o Estado terem investido tão pouco e, nalguns casos, tão mal.
<![if !supportLineBreakNewLine]>
<![endif]>
Para onde vamos? De mal a pior. O stock de capital é o resultado de anos e anos de investimento, que devia estar a aumentar, mas tem vindo a cair a pique. Em 2013, a FBCF (formação bruta de capital fixo) foi, a preços constantes, a menor dos últimos 15 anos e pouco mais de metade de quando Portugal aderiu ao euro. Uma catástrofe!
A queda do investimento não é uma inevitabilidade. Não há, por isso, qualquer razão plausível que explique não haver mais projetos de investimento privado no sector dos bens transacionáveis.
Casos como a refinaria da Galp em Sines, a unidade da Dow Chemical em Estarreja, a fábrica de papel da Portucel em Setúbal, o projeto da Embraer em Évora, a fábrica de mobiliário da IKEA em Paços de Ferreira, a fábrica de turbinas eólicas da Enercom em Viana do Castelo, etc. Porquê?
<![if !vml]>

Como estamos? Muito mal. A nova geração tem um nível de educação relativamente próximo da média dos países mais desenvolvidos, o que explica a sua relativa facilidade em emigrar.
Porém, as gerações mais velhas têm qualificações muito baixas.
Apenas 35% dos portugueses com mais de 25 anos terminaram o 2.º ciclo de escolaridade, o que compara com 86% na Alemanha, 84% na Finlândia e 72% em França. Na realidade, de acordo com os dados da OCDE, em Portugal o nível médio de qualificações dos adultos é bastante inferior ao de países que são mais pobres, por exemplo Chile, México e Argentina.
Para onde vamos? De mal a pior por duas razões. Primeiro, foram interrompidas as políticas de qualificação dos adultos com um baixo nível de escolaridade, por exemplo, o programa Novas Oportunidades. Porquê? Segundo, muitos portugueses com idade entre os 25 e os 35 anos estão a emigrar para o estrangeiro. (…)»
JOAQUIM CASTILHO
Mail : jcastilho@netcabo.pt
castilho.joaquim@gmail.com
Photoblog: http://quim.aminus3.com/
Facebook: http://www.facebook.com/#!/joaquim.castilho
Sem comentários:
Enviar um comentário