sexta-feira, outubro 10, 2014

NO ESTADO ISLÂMICO!

E assim, percebem?

por FERNANDA CÂNCIOHoje no DN

Olá, Frederico, tudo bem?
Agora chamo-me Friedrich. Heil Hitler.
OK, Friedrich. Como é que é a vida aí em Auschwitz?
Temos muito trabalho, chega um transporte de prisioneiros uma vez por semana, é preciso escolher os que estão capazes para trabalhar. Estamos horas em pé a examiná-los, é duro. E temos de andar sempre em cima deles para trabalharem, são muito preguiçosos. Mas tudo pela pátria e pelo Fuhrer. Heil Hitler.
O que sucede aos que não estão capazes para trabalhar?
Isso é confidencial.
Há relatos que dizem que os matam.
Não acredite em tudo o que se diz, há muitas mentiras fabricadas pelos Aliados para pôr as pessoas contra a Alemanha nazi. Mas fazemos o que é preciso para nos defender dos nossos inimigos e para defender a pátria mãe. Heil Hitler.
Mas que mal fizeram essas pessoas que estão a levar para os campos?
São inimigos da Alemanha. Acha que se não fossem inimigos estavam aqui? São sabotadores, membros de uma conspiração global contra a pátria mãe. Não merecem o ar que respiram.
Já matou algum?
Prefiro não responder.
Que pensa sobre isso, sobre matar alguém?
Matar é fácil.
Como é que o filho de emigrantes em Munique foi parar às SS?
A primeira vez que ouvi Hitler falar mudou alguma coisa em mim, foi uma revelação. Percebi que aquele homem tinha respostas para tudo e indicava o caminho certo. Alistei-me na Juventude Hitleriana e depois nas SS. Tive sorte de me aceitarem, apesar de ser estrangeiro.
Era capaz de matar alguém da sua família se fosse considerado inimigo da Alemanha e do Fuhrer?
Sou capaz de matar qualquer um que lute contra a Alemanha e o Fuhrer. Heil Hitler.
Consegue descrever-me o seu dia?
É uma vida normal. Tenho o meu trabalho como guarda. Quando não estou a trabalhar fico em casa com a minha mulher, que cozinha muito bem, e os meus filhinhos. Ou a conviver com os outros guardas, que são adoráveis. Gentis, honestos e muito bravos. Os melhores de todos. Não nos falta nada aqui, somos felizes. Exceto a comida portuguesa. Tenho saudades de uma boa cabidelazinha.
Pensa voltar a Portugal?
Sim, o Fuhrer vai conquistar primeiro a Europa, depois o mundo inteiro. Hei de entrar em Portugal com uma arma numa mão e a bandeira da suástica na outra. E toda a gente que resistir já sabe o que lhe sucede. (ri) Heil Hitler.
Obrigada, Friedrich.
Obrigado eu, quando quiser alguma coisa aqui de Auschwitz apite.
(inspirado na entrevista a um "jihadista português" do "Estado Islâmico" publicada ontem na Sábado)

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