sexta-feira, junho 05, 2015

A TAP E OUTRA NEGOCIATAS!



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Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral



Francisco Louçã

2 de Junho de 2015, 09:26

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Dar corda aos sapatos para ficar com a TAP?

No seu romance “Grandes Esperanças”, Charles Dickens, um dos escritores que melhor retratou o século XIX, apresentava assim o mundo vertiginoso que estava então a surgir: “Perguntei-lhe qual era a sua profissão. ‘Capitalista’, respondeu-me. Suponho que me viu percorrer a sala com o olhar, porque prosseguiu: ‘Na City. Não me vou contentar em empregar os meus capitais a segurar navios. Vou comprar ações numa boa empresa e conseguir um lugar no conselho de administração. Vou também ocupar-me um pouco de negócios mineiros. E nada disto me impedirá de fretar alguns milhares de toneladas para mim próprio. Creio que farei negócios com as Índias’. E os lucros serão importantes?, perguntei. ‘Assombrosos’, respondeu.”
Dizia Pires de Lima aos dois candidatos a comprar a TAP: vamos a não se contentarem em empregar os capitais em aviões. É preciso ir mais além. Os lucros serão assombrosos.
Parece que o Estado está disposto a ficar com parte da dívida (ou toda?), em troco de trinta milhões. Assombroso.

Comentários

  1. Em 2010, o rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto era inferior a 100%, situava-se em 96,2 %. Em 2011, ano do pedido de resgate, alcançaria os 111,1 %. E cresceria sem cessar durante resgate e a saída da troika: 125,8 % em 2012, 129,7 % em 2013 e 130,2 % no ano passado.
    No que ao PIB diz respeito, em 2010, antes do Governo PSD-CDS a economia portuguesa crescia 1,9 por cento, embora impulsionada por uma despesa pública que acabaria, é bom que se diga, por pressionar quer o défice orçamental, quer o endividamento do país. Mas repare-se as medidas de autoridade impostas entre 2011 a 2013, fizeram com que o PIB recuasse um total de 7,3 por cento, quando era expectável que fosse somente 3 %. Foi o dobro!
    Quanto ao défice, Portugal passou de 11,2 por cento do PIB em 2010, a cifra mais elevada desde 1995, para 4,5 por cento em 2014. Foi para isto que se impôs esta catástrofe ao País? E os dados encontram-se disponíveis: o desemprego saltou dos 10,8 % de 2010 para os 16,2 por cento de 2013; sendo que nas camadas mais jovens da população ativa é atualmente superior a 34 % , e em 2013 a taxa era de 38%.
    Como se toda esta autêntica catástrofe social não bastasse, assistiu-se a uma venda ao desbarato, para todos os efeitos em saldo, de empresas públicas estratégicas para a comunidade portuguesa. E socorrendo do jornalista Nicolau Santos, uma fonte a não descurar, pela objetividade, os exemplos estão aí bem patentes: a EDP foi vendida aos chineses, mas podem subir sempre o valor das rendas aos clientes, para não descer de um determinado nível de lucro; a ANA a aeroportos foi vendida aos franceses, mas sempre que o tráfego aéreo aumentar poderão aumentar o valor das rendas a cobrar; os Correios foram vendidos a um fundo de pensões dos Estados Unidos da América, e de seguida fecharam agências, estações de serviço e balcões.
    Este Governo foi um desastre completo. De público, para a comunidade que governa, escasseou visão, empenho, propostas, inovação, medidas que modernizassem o tecido económico e social. A venda de empresas públicas tornou-se um exemplo gritante de como não se deve governar.
  2. É que o Prof. Louçã não está a fazer as contas todas. Falta contabilizar o dinheiro que vai entrar nalgumas contas off-shore.
  3. Tambem os CTT foram privatizados,e se eu não me posso queixar com a anterior gestão publica,agora acontece as cartas,ou não chegarem por e simplesmente, ou enganarem-se no numero da morada,ou então receber uma carta registada com um atraso de 15 dias em relação ao dia em que foi mandada, que por sinal era uma multa da AT por atraso na entrega do IRS.ou seja se eu não a pagasse no propria dia em que a recebi,no dia seguinte já tinha um auto levantado pela AT,sem saber ler nem escrever.Privatizar serve para isto,pergunto eu?
    1. Os CTT davam lucro e podem vir a ser um banco. Nós pagaremos mais impostos para cobrir o buraco da receita que fica a faltar.

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