sábado, junho 27, 2015

PAUL KRUGMAN O FMI E A GRECIA

O prémio Nobel lamenta que os credores continuem a tentar ditar a política doméstica grega e diz ser tempo de parar de falar de uma eventual saída acidental da Grécia do euro (“Graccident”). Para Krugman, se a Grécia sair do euro será por responsabilidade dos credores, designadamente do FMI.
Num artigo intitulado de "Ruptura na Grécia" e publicado no seu blogue no New York Times, o economista e antigo prémio Nobel, Paul Krugman, voltou a criticar a atitude negocial e exigências das instituições credoras. Depois de notar que tem tentado não abordar o assunto de uma saída da Grécia do euro ("Grexit"), Krugman pergunta "o que é que os credores, em particular o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer"?

Paul Krugman sustenta que supostamente as negociações, que prosseguem neste momento em Bruxelas com nova reunião do Eurogrupo, seriam acerca das metas sobre o excedente orçamental da Grécia e depois sobre o necessário alívio da dívida helénica. Contudo, o economista norte-americano refere que Atenas já aceitou o que podem ser considerados excedentes primários "bastante elevados, especialmente tendo em conta que o orçamento teria um enorme excedente primário se a economia não estivesse tão deprimida".

Krugman, que desde o espoletar da crise financeira internacional tem criticado as políticas de austeridade seguidas na Europa como forma de a ultrapassar, lamenta que os credores da Grécia continuem a rejeitar as propostas gregas com base no argumento de que estas assentam demasiado na subida de impostos e não em cortes na despesa. Por isso conclui que continuam a tentar ditar a orientação das políticas domésticas da Grécia.

O tom crítico de Krugman eleva-se quando nota que a explicação para a rejeição das propostas helénicas assenta na ideia de que o aumento de impostos iria prejudicar o crescimento económico. "Estão a brincar connosco", pergunta o economista que lembra que "as pessoas que fracassaram completamente a ver os danos que a austeridade iria provocar estão agora a dar sermões sobre crescimento"? Para ajudar a esta resposta, Krugman coloca um gráfico demonstrativo do quão inferior é o PIB grego actualmente face às projecções iniciais do FMI.

O também colunista do New York Times critica ainda a atitude da instituição liderada por Chrtistine Lagarde por se mostrar incapaz de lidar com o Syriza, realçando que "não estamos no liceu". Krugman nota ainda que têm sido os credores quem continua a mudar as metas e não os gregos.

A conclusão final do economista laureado é a de que, "aqui chegados, é tempo de parar de falar acerca de um ‘Graccident’ [porque] se acontecer um ‘Grexit’ será porque os credores, ou pelo menos o FMI, quiseram que isso acontecesse". 

Sem comentários: