quarta-feira, julho 01, 2015

CAVACADAS!

Uma direita que não tem dúvidas e raramente se engana

A coincidência de o auge da crise grega, na sua relação com a Europa, coincidir com o período eleitoral para as legislativas portuguesas leva a que tenhamos a direita nacional a exibir-se num estado de violência emocional extremo. A retórica do castigo, do desprezo e do ostracismo escorre imparável por todos os canais, desde a arraia-miúda nas redes sociais, passando pelos comentadores profissionais e chegando aos políticos – onde se destaca Cavaco, supremo chefe de facção e factual substituto do ministro dos Negócios Estrangeiros. A direita portuguesa, esta direita decadente, não passa da face visível da oligarquia, colocando sempre em último lugar as necessidades das populações mais pobres e remediadas. Um qualquer ganho do Syriza deixaria em pânico quem já sacrificou – sem a mínima hesitação e cheios de furor – a população de Portugal à pura sede de poder.
Claro que podemos entender esta agressividade como sendo uma expressão natural das dinâmicas políticas, sociais e mediáticas. Há um constante fluxo de adrenalina que vicia. Mas o aspecto ideológico é mais interessante como dimensão analítica. A infantilização de tratar a economia de um Estado como se fosse a economia de uma casa familiar, juntamente com a moralização culpabilizadora agitada como critério político absoluto, não são apenas manifestações de um delírio da vontade, elas ficam igualmente como transparências para o interior intelectual e ético de quem assim se assume no espaço público. Andar a promover o ódio aos gregos, como fazem Passos e Cavaco, é significativo na sua correlação com outras temáticas onde essas figuras têm responsabilidade política. Para alguns, o que se revela de ambos no modo como reagem às históricas dificuldades do povo grego é crucial para a compreensão da sua relação com o povo português.
A decadência desta direita consiste em ir buscar o seu apoio aos piores instintos das comunidades ameaçadas por crises. Em 2011, esta direita decadente jurou à nossa comunidade que as responsabilidades internacionais não existiam e que os sacrifícios acabariam assim que corressem com os malditos socialistas. Logo que se agarraram ao pote, soltaram a besta do empobrecimento fanático e fizeram magníficos negócios, devastando económica e socialmente o País. Agora, dizem para se correr com os malditos gregos. Não têm dúvidas e raramente se enganam: querem estar do lado dos fortes e estão dispostos a tudo para os servir.

Sem comentários: