FELIZMENTE HÁ SOARES
No dia 22 de Novembro passado, quando Sócrates foi preso no aeroporto por funcionários da Autoridade Tributária, deixei aqui uma simples interrogação: “O fascismo a regressar?” Houve pessoas que acharam então exagerada a pergunta. Na caixa de comentários do mesmo post precisei o que entendia por fascismo:
Não há fascismo, mas há fascistas. Não há nem pode haver fascismo como o antigo, que está fora de moda. Agora a agressão política é mais refinada. Não se partem cabeças nem se faz ingurgitar óleo de rícino aos adversários políticos. Usam-se as latrinas da comunicação social e os palradores remunerados para campanhas de ódio e desinformação. Infiltra-se a organização judicial e a magistratura para levar a cabo vendettas políticas. Fazem-se petições públicas, subscritas por milhares de imbecis, para tentar calar adversários e reestabelecer a censura. Dão-se golpes, mas já não são precisos generais a cavalo nem espadas a tilintar. O espírito, ou a falta dele, é que é sempre o mesmo.
Continuo a subscrever o que então disse. Só não podia imaginar que, 43 dias depois, Sócrates continuaria preso. E que os magistrados que o prenderam com base em conjecturas improvadas não só não formularam ainda qualquer acusação, como pretendem amordaçar o preso a todo o custo, para que não possa defender-se publicamente das calúnias que esses magistrados deixam sistematicamente passar para o espaço público. A canalhice deste procedimento da organização judicial só é comparável às patifarias da miserável PIDE, que foi sempre acolitada por magistrados caninos e censores sem vergonha – fascistas no sentido puro da palavra. (Só os PIDES foram incomodados depois do 25 de Abril, não os magistrados nem os censores!)
A massa humana de que em Portugal se fez o salazarismo, a PIDE, o Tribunal Plenário e a Censura continua por aí, igual ou pior. Os tempos são outros, mas a canalha é a mesma, se não pior do que a que pariu e sustentou o salazarismo. E não me estou a referir a folclóricos de cabeça rapada. Estou a referir-me a magistrados, a procuradores, a comentadores jornalísticos, radiofónicos e televisivos, a catedráticos de Direito e a dirigentes partidários. Estou a referir-me à grande massa de imbecis e hipócritas que chulamente os aplaudem.
Se os deixarmos, tomarão inteiramente o poder. Não vão formar nenhuma junta de botas ferradas nem nenhum governo de camisas negras. Não vão saudar de pata estendida nem fazer paradas no Terreiro do Paço. Vão é parasitar todo o aparelho constitucional da Democracia e infiltrar-se em todas as sedes de poder efectivo, da administração central à comunicação social, das escolas e universidades às empresas, dos tribunais à Autoridade Tributária e às polícias. Tudo, claro, com a bênção do escafandro de Belém.
Felizmente há Soares!
NO Blog ASPIRINA B
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